14.3.17

Bucaresti

I

Um intento de coragem, um retorno a velhos hábitos
Me lanço medrosa à saídas casuais por essa velha Buenos Aires.

Eu, temerosa
Corpo e fluidos partilhados entre nações e culturas
Adicta ao efêmero

Tu, erres que rolam travados
Povoando meu imaginário desse distante Leste
Olhos lânguidos, nariz comprido

Nós, colonizados e emergentes, sobreviventes aos Sonhos de Outros.

II

Me esquivo para o lado, numa reprodução de experiências passadas
Aguardo seu corpo aconchegado, formando uma concha
Intimidade passageira, breve ao adeus

Com a mão firme, confiança trêmula, afago sua mão
Mão a mão, toque a toque se dá a conexão
Intimidade passageira, breve ao adeus

Me calo, silencio os temores e anseios
Mais uma vez regida pelo Acaso, sino do Zodíaco:
Piscis, mi cura y veneno

Me calo, insatisfeita.
Avançam as horas: a luz do dia nunca dá tregua.
O Adeus presente, desconforto instalado.

III

Caminho pelo Centro, entre emoções túrbias, indefinidas
Resignação ou iluminação, agradeço o Amanhecer;
Aprecio o caminhar antes da turba e dos carros.

Boto um The Doors: essa criança abandonada em mim quer colo.
Adormeço com essa angústia... recebo mensagem sua
O Adeus já real, após intimidade passageira.

_____________________

14/Mar/17 - Buenos Aires, Argentina - 14h46

Nenhum comentário: